Depois de um dia as escuras Pipi escrevia as memórias que imaginava ter tido.
- Gosto tanto de si Pipi - era a voz de Mugi.
- Estas a falar para mim? - perguntou surpreendido Pipi.
Mugi levantou a cabeça e respondeu de forma doce, com hálito de hortelã com gengibre fresca um pouco ralada - Não Pipi, mas sabes que se nos quiseres... Podes ler-me o que andas a escrever?
- Com todo o gosto Mugi das lampreias com alho - e assim pela primeira vez Pipi lia a própria memória.
"... ganhou coragem e finalmente entrou, a medo, naquela sala escura e abafada, o cheiro forte de vinagre fervido trouxera-lhe a memória do tempo em que tinha cães e alguém acreditava que esta era a melhor cura para as feridas das patas, sorriu triste e esfregou os olhos para se tentar habituar ao escuro, começa a ver qualquer coisa mas ainda pouco, concentrasse em algo que parece cada vez mais perto em grande velocidade directo aos dentes. Caiu redondo Pipi, e se por acaso um dia tivesse acordado depois disso, teria sabido que tinha sido um pau cheio de pregos, teria sabido que até o molar mais preso lhe tinha saltado, teria até sabido qual o sabor da Madeira com prego enferrujado mas nunca teria sabido de onde tinha vindo..."
- Pará Pipi, já me dói a barriga de tanto me rir. Gostei muito, mas tenho de ir trocar o tampão que me fizeste encher este num instante.
- Olha veio a luz vou abrir um pacote de batatas fritas.

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