"Tia Valquiria aqui nesta cidade enorme com prédios assim muito altos faz um frio de gelar o corneto, existem cantos maravilhosos mas sopra um vento tão gélido nas orelhas que não dá para estarmos lá muito tempo, o Ilac já comprou uns coisos assim a dar para o quente que põe nas orelhas e não se queixa tanta, parece um Dj com aquilo mas nesta terra ninguém liga a isso querida tia. Existe aqui uma casa assim muito gira, com uns belos quadros, bonitos e piturescos, alguns só com riscos, vi um todo pintado de preto imagine a Tia, só para ver o que as pessoas que usam casaquinhos finos e desenham sorrisos simples mas maliciosos, apreciam, até lá vi um helicóptero, a sério, dentro do edifício. Uma vez ai, na Marinha Grande, tinha visto um barco numa garrafa, mas isto deixou-me mesmo impressionado. Chama-se MOMA este impecável edifício, não sei bem o que quer dizer MOMA, mas a Lita insiste que quer dizer isso mesmo "MOMA", então já a tivemos de levar ao dentista, a tia sabe que ela não é muito dada à cultura mas pelo menos satisfeita parece andar, olhe que aqui gostam muito dela, o Júlio César, um amigo, ficou encantado com ela e ela acho que lhe respondeu, a mim não me incomodou mas não gostei muito não que tenha ciúmes, porque até dei um balde de Aveia ao Júlio, mas não ficou bem. Fazem aqui também umas daquelas festas giríssimas que a gente ai ve toda junta na televisão, em que levantamos a camisola e dão-nos um colar. Giro giro. Tia não sei bem para onde mandar este postal, mas como normalmente vai parar ao hospital envio para os mais habituais, de certo que eles lhe o fazem chegar à mão. É verdade o Ilac partiu o piano todo a patinar no Central Park. E para terminar dou-lhe a razão à tia, não foi por fugir para Nova York que aquela tarde me saiu da cabeça. Beijos e as melhoras. Espero que esteja viva."